Quinta-feira, 20h30min. Ele chega em casa. Toma um banho rápido. Esquenta algo no micro-ondas e joga-se no sofá.
Liga a TV. Lentamente a frequência cardíaca cai. A atividade cerebral diminui . Deixa o prato na pia e vai dormir quando acaba a novela.
6h30min.
Reúne as suas forças e levanta. Só falta um dia. Lava-se, veste-se, come e vai
trabalhar.
Puxa alavancas. Olha para o relógio de hora em hora, e descobre que só se passaram cinco minutos. O chefe é um idiota. Os colegas são incompetentes. Sem ele a fábrica já teria fechado, mas o idiota do Ricardo que foi promovido. Toca o sinal. “Finalmente”.
20h30min. Ele chega em casa. Toma um banho rápido. Esquenta algo no micro-ondas e joga-se no sofá.
Liga
a TV. Dá as boas-vindas ao costumeiro torpor. Ele nunca pode assistir a esse
programa durante a semana. Já viu esse episódio? Não sabe dizer.
Sábado, 6h30min. Acorda. Volta a dormir.
15h. Dormiu demais. Seu corpo está dolorido. Aperta os olhos quando a luz bate em seu rosto.
Ouve o rádio enquanto come. Um acidente grave aconteceu na rodovia. FHC vai privatizar alguma empresa. Amanhã pode chover.
Liga a TV.
Quatro adolescentes tentam conseguir pares para o grande baile. Um homem prende
ladrões de gado. Faz um sanduíche para passar o tempo. Um homem aprende o verdadeiro
significado do Natal. Dorme.
14h. Acorda, almoça e liga a TV. O mocinho salva o mundo. Quatro adolescentes tentam perder a virgindade. Um homem vinga o irmão.
Come alguma coisa enquanto um repórter come grilos. Um homem pinta retratos em unhas. Orangotangos são inteligentes. Dorme.
6h30min. Reúne as suas forças e levanta. Só faltam cinco dias. Lava-se, veste-se, come e vai trabalhar.
Felipe Molina
Colagem de Felipe Molina a partir de imagens sem direitos autorais